Se fosse um município, Nova Parnamirim seria o oitavo mais populoso do Rio Grande do Norte. Com cerca de 60,9 mil habitantes, o bairro é um dos maiores da Região Metropolitana de Natal e enfrenta diversos problemas em virtude do rápido crescimento, registrado sobretudo nas últimas duas décadas. De acordo com moradores, comerciantes e motoristas, a principal dificuldade diz respeito à mobilidade urbana, concentrada principalmente nas avenidas Maria Lacerda, Abel Cabral e Ayrton Senna. A Prefeitura de Parnamirim diz que problema é geográfico e planeja “medidas paliativas”. Há ainda a possibilidade da implementação de um binário.
Para tentar dar mais fluidez ao trânsito da Maria Lacerda, a Prefeitura iniciará uma operação na próxima segunda-feira (10), que consiste em direcionar o estacionamento de vans escolares e carros particulares que ficam parados na frente de uma unidade de ensino – localizada entre um posto de gasolina e uma agência da Caixa Econômica – para a parte de trás da escola. O trecho é considerado o ponto mais crítico da via, devido ao congestionamento de veículos nos horários de entrada e saída de estudantes.
As reclamações são constantes. O congestionamento nas vias, nos horários de pico, pode chegar a uma hora. Para quem utiliza transporte público, o trajeto de casa para o trabalho ou universidade pode chegar a duas horas. A recepcionista Mikaele Rodrigues trabalha na Maria Lacerda e diz que a preparação para chegar no horário começa com duas horas de antecedência. “É a nossa realidade, de quem precisa pegar ônibus. Aqui em horário de pico é travado, não passa nada. Não passa ônibus e o trânsito não ajuda, é um caos”, relata.
Uma característica comum das três principais avenidas de Nova Parnamirim é a falta de desvios para fugir do trânsito intenso. “É péssimo porque não tem mobilidade, não tem para onde ir”, diz Robson Ferreira, empresário que mora e tem um negócio na Maria Lacerda. “Não tem articulação, não tem sinalização. Aqui muitas conversões terminam em acidentes, o canteiro central cheio de propaganda, de lixo, as vias esburacadas. Aqui passa-se uma capa de cimento e que não dura nem um mês”, denuncia Robson.
Uma das vias mais movimentadas da região metropolitana, a Maria Lacerda faz ligação entre Natal e Parnamirim pela Ayrton Senna e BR-101. A Prefeitura chegou a cancelar uma obra de implantação de rede coletora na Maria Lacerda, mas voltou atrás diante dos transtornos. O plano era interditar as duas faixas durante o dia, o que causou grande repercussão negativa por contada alteração no já problemático trânsito da região. A obra de saneamento que acontece na avenida Abel Cabral também motivou o cancelamento.
Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, o titular da Secretaria Municipal de Segurança, Defesa Social e Mobilidade Urbana (Sesdem), Marcondes Pinheiro, diz que o problema é histórico e geográfico. “A Abel Cabral e a Maria Lacerda foram construídas há 40, 50 anos, numa realidade totalmente diferente”, diz. Pinheiro acrescenta que a “Prefeitura está fazendo o que pode” para amenizar os transtornos. “O que temos ao nosso alcance é esse tipo de medida, como a que estamos implementando na escola da Maria Lacerda”, pontua.
Prefeitura deseja implementar binário
Marcondes Pinheiro lembra que a região de Nova Parnamirim é uma área complexa para se trabalhar devido à conurbação com a capital. De acordo com a Sesdem, a Maria Lacerda é de responsabilidade estadual, enquanto que a Abel Cabral pertence ao Município. Já a Ayrton Senna é dividida entre Natal e Parnamirim. O titular da pasta reforça que é desejo da Prefeitura implementar um binário entre Maria Lacerda e Abel Cabral, a exemplo do que acontece em Natal com as avenidas Antônio Basílio e Nascimento de Castro. Os binários são vias paralelas que operam com sentido oposto – enquanto uma só “vai”, a outra só “volta”.
No entanto, por causa da peculiaridade das avenidas, a vontade depende de um entendimento com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RN). “Já conversei com o diretor do Detran e vou reativar esse diálogo ainda nesta semana”, detalha Marcondes. “Para isso a gente precisa ter essa parceria técnica, engenheiros, Detran, para viabilizar isso. Vamos ter que fazer porque está chegando a um colapso”, completa. A preocupação se deve também a construção de um novo shopping center nas proximidades da Caixa.
Tribuna do Norte