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Aproximadamente mil jovens entre 10 e 19 anos tiram suas próprias vidas no Brasil a cada ano. A alerta é da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que no Setembro Amarelo, mês internacionalmente dedicado à prevenção ao suicídio, analisou dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde para melhor compreender as transformações na saúde mental da juventude. Entre 2012 e 2021, quase 10 mil casos de óbitos por lesões autoinfligidas nesta faixa etária foram registrados no Brasil.

De acordo com os dados, o Rio Grande do Norte registrou 136 casos de suicídio de jovens nessa faixa etária, durante esse período. O ano com mais casos foi 2020, com 21 registros, segundo os números do Sistema de Informações sobre Mortalidade.

Para a presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência, dra. Luci Pfeiffer, os pais, responsáveis, médicos e toda a sociedade devem estar atentos ao comportamento da população pediátrica. “Devemos tratar com máxima seriedade qualquer atitude ou fala que represente um desejo de morte. A ideação suicida não surge do nada. Ela cresce no pensamento aos poucos até se materializar como uma saída. Por isso, desde a primeira atitude suspeita, é fundamental ligar o sinal de alerta”, esclarece a pediatra.

Algumas das mudanças de comportamento, explica a especialista, podem ser verificadas em jovens com ideação suicida são: insatisfação ou tristeza constantes; desistência de atividades que antes davam prazer; prática da autolesão; busca por se inserir em situações de risco; e a falta de planos ou expectativas para o futuro, em médio e longo prazos. “Nem sempre eles verbalizam o que está acontecendo. Por isso, é muito importante observar suas atitudes. Antes, o adolescente gostava de praticar esporte ou ir a festas e passeios. Aos poucos, ele começa a dar preferência a ficar isolado. É certo que algo não está bem”, pontua.

De acordo com o levantamento da SBP, ao longo da série histórica os rapazes representaram mais que o dobro de casos: 6.801 episódios (68,32%), contra 3.153 (31,68%) casos entre as mulheres. Além disso, a maioria dos eventos ocorreram entre os jovens: foram 8.391 óbitos (84,29%) na faixa etária de 15 a 19 anos; e 1.563 mortes (15,71%) na faixa etária de 10 a 14 anos.

De modo geral, o Brasil viu um aumento no número absoluto de suicídios em todas as regiões ao longo da última década. A região Norte apresentou o maior crescimento no número de casos no período, com um aumento de 115%. São Paulo, sendo o estado mais populoso, também teve o maior número de suicídios no período.

Embora sejam necessários estudos sobre as razões subjacentes a esse aumento para implementar estratégias de prevenção eficazes, na avaliação do coordenador do Grupo de Trabalho sobre Saúde Mental da SBP, dr. Roberto Santoro, existem diversas causas que podem levar crianças e adolescentes ao sofrimento psíquico e posteriormente à ideação suicida. No geral, costumam estar presentes entre os motivos: traumas, abusos e violências sofridos, além do sentimento de culpa e de não adequação.

“O apelo da SBP é para que todos passem a prestar mais atenção nesse tema, inclusive na faixa etária pediátrica. Precisamos escutar e acolher, antes que a ideação suicida se torne um plano prático. O suicídio não é algo tão incomum quanto as pessoas imaginam. Infelizmente, pode estar próximo de nós. Em caso de suspeita de sofrimento psíquico, procure um profissional da saúde mental para interromper essa trajetória”, orienta ele.

Com informações de Agência Brasil e BLOG DO BG

Foto: istock/Getty Images

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