
Quase seis meses após o mutirão de cirurgias de catarata realizado pela prefeitura de Parelhas, na região Seridó potiguar, pacientes afetados pelas infecções bacterianas ainda aguardam indenização. O procedimento, ocorrido em 27 e 28 de setembro de 2024, resultou na perda do globo ocular de pelo menos 10 pessoas. No total, 15 dos 20 pacientes operados no primeiro dia sofreram complicações graves, gerando revolta entre as famílias e mobilização jurídica contra o município.
A prefeitura ofereceu uma indenização de R$ 50 mil por danos morais e estéticos, mas a maioria dos atingidos recusou a proposta, alegando que o valor não cobre a gravidade dos danos sofridos. Apenas um dos pacientes teria aceitado o acordo, recebendo R$ 20 mil inicialmente e os outros R$ 30 mil de forma parcelada. Segundo a advogada Fabiana Souza, que representa sete pacientes que perderam o globo ocular, todos optaram por judicializar a questão, e as audiências de conciliação não resultaram em acordo, com algumas sequer contando com a presença do município.
As famílias esperam valores significativamente maiores, defendendo indenizações de pelo menos R$ 300 mil, sendo R$ 150 mil por danos morais e R$ 150 mil por danos estéticos. “O dano foi muito grande e famílias inteiras tiveram que refazer suas vidas. Não foi um caso isolado, foram muitas pessoas, então é preciso que haja uma reparação justa e que pelo menos sirva de caráter pedagógico para o município”, afirmou a advogada. Enquanto aguardam a tramitação dos processos, os pacientes seguem sem qualquer compensação, lidando com as sequelas físicas e emocionais da tragédia.