
A professora Nilda (SDD), que ascendeu à Prefeitura de Parnamirim após derrotar uma oligarquia com duas décadas de domínio político, iniciou seu mandato sob o signo da incerteza. Nos bastidores do poder local, a percepção é de que a prefeita ainda não conseguiu assumir, de fato, as rédeas da administração. E para completar já tem duas investigações do Ministério Público Estadual provocadas contra ela.
Fontes próximas ao núcleo governista reconhecem que a transição de poder não foi acompanhada por uma ocupação plena do terreno político. “Ela conquistou o mandato, mas não conquistou o sistema”, resumiu, em caráter reservado, um interlocutor que ajudou na construção da candidatura vitoriosa. O novo governo enfrenta resistência velada na Câmara Municipal, onde o presidente da Casa, embora formalmente aliado, é descrito como um “navegador pragmático”: ora inclina-se ao governo, ora flerta com a oposição. “O barco vai levar ele”, resumiu o aliado, sugerindo que o parlamentar seguirá a corrente mais conveniente.
Relação Com o Legislativo
Essa fluidez no Legislativo se dá num ambiente em que os espaços de poder ainda não foram plenamente distribuídos, por um lado. E o grupo de oposição se mobiliza para dificultar a vida da prefeita. Ex-presidente da Câmara de Vereadores de Parnamirim, Fernando Fernandes protocolou duas denúncias no MP contra Nilda para que se apure o uso da máquina pública para promoção pessoal da prefeita.
Do lado da oposição, o diagnóstico é ainda mais severo. Um parlamentar que conversou com a reportagem classificou a gestão como um “desastre em série”, com erros sucessivos e falta de transparência sobre as finanças do município. Ele aponta remanejamentos orçamentários sem aprovação legislativa, propagandas institucionais desconectadas da realidade e uma estrutura de saúde em colapso. “Dizem que a UPA está abastecida, mas os exames não estão sendo feitos como divulgado”, afirmou.
Essa divergência entre discurso e realidade está no centro da crise de credibilidade do governo Nilda. A prefeita afirma ter herdado um “rombo” da gestão anterior, sobretudo na área da saúde — incluindo contratos problemáticos com a empresa Solaris — e vem atribuindo a isso os entraves iniciais. No entanto, a oposição contesta a narrativa e cobra documentos que comprovem o alegado desequilíbrio fiscal.
Em paralelo, o governo tenta se equilibrar entre o enfrentamento das “bombas” herdadas e a manutenção de uma base política que, embora numerosa no papel — 12 vereadores entre governistas e presidente da Câmara, num total de 21 —, mostra-se volátil e imprevisível.
Professora Nilda Tem Boas Ideias, Mas Não Faz Milagres
Para um observador próximo à prefeita, a intenção de Nilda é genuína. “Ela tem boas ideias, mas boa intenção não faz milagre. Ela precisa adquirir habilidade política para controlar secretariado e Câmara”, avaliou. Enquanto isso, aliados já dão sinais de movimentação eleitoral para 2026, o que acende o alerta sobre a possibilidade de que o governo seja capturado por ambições paralelas.
No epicentro do furacão, a professora Nilda permanece silenciosa. A gestão que prometia ser pedagógica começa como uma aula de realpolitik, onde bons propósitos tropeçam na ausência de método — e no excesso de improviso.
Outro lado
A prefeita foi procurada por meio de sua assessoria para se manifestar sobre os pontos levantados. Até o fechamento desta matéria, não houve posicionamento enviado.
Fonte blog do dina